BYD assume fábrica na Bahia e anuncia produção para 2024

BYD assume fábrica na Bahia e anuncia produção para 2024

Em cerimônia com apresentação de um grupo local de samba, que levou o reservado fundador e presidente da BYD mundial, Wang Chuanfu, em sua primeira visita ao Brasil, a dar uns passinhos de dança, seguindo o vice-presidente Geraldo Alckmin, o grupo chinês assumiu oficialmente as instalações da antiga fábrica da Ford na Bahia, com o ato simbólico de instalação da pedra fundamental, e confirmou a produção de três modelos da marca, o híbrido flex Song e os elétricos Dolphin e Yuan, além de ônibus e caminhões.

O investimento de R$ 3 bilhões, já anunciado, será gasto na remodelação da fábrica para novas linhas de produtos eletrificados, equipamentos para a produção e desenvolvimento de uma tecnologia de sistema flex para o Song. O início da produção está previsto para o final de 2024.

A unidade de automóveis terá capacidade inicial de 150 mil unidades ao ano, volume que a partir de 2025 deverá ser ampliado para 300 mil unidades, com novos aportes. O grupo já chegou a falar em aportes até R$ 10 bilhões.

Nessa segunda fase também está prevista uma unidade de processamento de lítio, completando assim as três fábricas que o grupo prometeu ao governo da Bahia. A intenção é gerar cerca de 5 mil empregos diretos e indiretos.

O governador baiano, Jerônimo Rodrigues (PT), informou, durante a cerimônia, que já enviou para a Assembleia Legislativa projeto que isenta de IPVA carros elétricos de até R$ 300 mil. O senador pelo Estado, Otto Alencar (PSD), por sua vez, disse que já enviou ao Senado artigo incluindo a extensão de incentivos para o Nordeste até 2032 no texto da reforma tributária a ser votado em breve. “O Senado vai aprovar”, disse.

REGIME ESPECIAL. O programa especial, que também envolve montadoras do Centro-Oeste, oferece descontos no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e está previsto para acabar em 2025. A extensão de sua validade por mais sete anos já vinha sendo defendida pelo grupo Stellantis (dono das marcas Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e RAM), que tem fábrica em Pernambuco, e ganhou o reforço da fabricante chinesa.

A prorrogação do prazo, entretanto, tem forte oposição das montadoras do Sul e do Sudeste, num movimento liderado por GM, Nissan, Volkswagen e Toyota, que veem na medida concorrência desleal.

Em discurso em mandarim, sem tradução simultânea, Chuanfu afirmou que sua empresa “quer apoiar a Bahia, especialmente a região de Camaçari, a se tornar o ‘Vale do Silício’ do Brasil”. O grupo vai construir na capital Salvador um centro de pesquisa e desenvolvimento.

“Já estamos trabalhando duro para criar a solução brasileira para nossos carros híbridos plug-in (recarregáveis na tomada), a combinação de etanol e energia elétrica”, disse Chuanfu, completando tratar-se de “duas fontes de energia limpa para levar o Brasil em direção a um futuro mais verde”.

Antes do evento, ele conversou, por telefone, com o presidente Lula, que não foi ao evento porque se recupera de uma cirurgia. Stella Li, vice-presidente global do grupo e presidente para as Américas, reforçou que o Brasil é um país estratégico para a BYD, pois é o maior mercado consumidor da América Latina, para onde a marca pretende exportar os modelos fabricados na Bahia.

A marca vendeu 2,1 mil modelos importados em setembro. O Dolphin, lançado em julho, foi o elétrico mais vendido no País, com 1.036 unidades.

No mercado global, a marca chinesa está perto de ultrapassar a Tesla como maior fabricante de carros elétricos, o que pode ocorrer até o fim do ano, já que a diferença atual é de apenas 3,4 mil unidades.

FONTE: https://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20231010/textview