Com indústria à frente, venda para EUA no 1º tri é recorde

Aeronaves, suco de laranja, café, óleos combustíveis e semiacabados de ferro e aço puxam aumento de 6,6% nas exportações em relação aos três meses iniciais do ano passado
O comércio entre Brasil e Estados Unidos se manteve aquecido no início deste ano, seguindo o bom momento das exportações brasileiras para o mercado americano, que marcou 2024.
As vendas foram marcadas pelo bom desempenho das exportações industriais e o aumento das importações brasileiras de bens de alto valor agregado.
“Foram três principais destaques nesse período de janeiro a março, afirma Abrão Neto, CEO da Amcham Brasil.
Primeiro, diz, um aumento forte das importações brasileiras vindas dos EUA, com um crescimento de quase 15%, alcançando um total de mais de US$ 10 bilhões, com crescimento disseminado entre setores e produtos, como máquinas e equipamentos não elétricos, sólidos combustíveis, como gasolina e diesel, petróleo bruto, partes de aeronaves, medicamentos.
Em segundo lugar, como consequência desse aumento das importações brasileiras, os EUA tiveram um crescimento no seu superávit comercial com o Brasil para um valor total de US$ 653 milhões.
O terceiro ponto a ser destacado, afirma, é um crescimento importante das exportações industriais brasileiras para os EUA.
“Exportamos um total de US$ 7,8 bilhões de produtos da indústria de transformação. Esse é um valor recorde para o primeiro trimestre do ano e representa um crescimento de quase 8% em relação ao mesmo período do ano anterior”, argumenta. Com isso, os EUA registraram superávit comercial de US$ 654 milhões no primeiro trimestre, revertendo o déficit observado no início de 2024.
Dentre os principais produtos exportados pelo Brasil estão aeronaves (cujos embarques cresceram 14,9%, na comparação com o mesmo período do ano anterior), suco de laranja (alta de 74,4%), óleos combustíveis (crescimento de 42,1%), café não torrado (alta de 34%) e semiacabados de ferro ou aço (crescimento de 14,5%).
Ele ressalta o leve aumento de participação dos EUA no total das exportações brasileiras de produtos industriais, passando de 17,7%, para 18,1%. “Esse é um mercado que importa muito ao Brasil e que gera benefícios muito importantes para o setor produtivo brasileiro”, diz.
Em 2024, as exportações do Brasil para os EUA totalizaram US$ 40,3 bilhões, representando um crescimento de 9,2% em relação a 2023.
O desempenho foi superior ao das exportações brasileiras para o mundo, que tiveram queda de 0,8%. Os embarques para a China caíram 9,5% no ano passado, os para o Mercosul diminuíram 14,1%, enquanto aqueles para a União Europeia cresceram 4,2%.
Apesar dos números positivos, a política tarifária do governo americano demanda cautela e maior engajamento por parte das autoridades brasileiras perante os EUA, afirma a Amcham.
“É fundamental o Brasil se engajar nas discussões com os EUA, buscando eliminar ou reduzir significativamente sobretaxas, abrir exceções dentro das taxas setoriais que foram aplicadas até o momento”, afirma Neto.
“É importante o Brasil fazer isso mais cedo do que tarde para assegurar que as nossas exportações continuem tendo boas condições de entrar no mercado americano.”
Além das tarifas comerciais, Neto defende que sejam debatidas também agendas na área de minerais críticos, energia, e ações para redução da sobrecapacidade mundial do aço.
Ele argumenta ainda que nessa reconfiguração do comércio internacional podem surgir oportunidades para o Brasil se aproximar mais de outros parceiros comerciais.
“Quando olhamos o primeiro mandato do Trump, vemos que foi o momento em que o Brasil acelerou as suas negociações junto ao Mercosul, com a União Europeia, iniciou negociações de um acordo com o Canadá, e outras para ampliar um acordo com o México, entre vários outros movimentos de expansão da rede de acordos comerciais”, diz.
Ele prevê que essa reconfiguração dos fluxos de comércio imporá mais desafios para as empresas brasileiras em termos de concorrência.
Matéria – Valor Econômico – 14/04/2025
Fonte: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2025/04/14/com-industria-a-frente-venda-para-eua-no-1o-tri-e-recorde.ghtml