Produtividade volta a crescer, mas em ritmo lento
A produtividade do trabalho na indústria de transformação brasileira cresceu 0,8% no segundo trimestre de 2019 ante o primeiro trimestre do ano. O indicador mostra recuperação, após apresentar tendência de queda durante 2018. O indicador é a razão entre o volume produzido e as horas trabalhadas na produção. Também na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, a produtividade apresentou crescimento (2,0%), após cair por dois trimestres consecutivos. Apesar da confi ança dos empresários mostrar recuperação desde junho, o investimento não mostra uma retomada forte, o que afeta negativamente o crescimento da produtividade.
Em 2018, produtividade no Brasil cresce acima da média dos principais parceiros comerciais Entre 2017 e 2018, a produtividade do trabalho na indústria brasileira cresceu 0,8%. Apesar do fraco desempenho, o Brasil superou a maioria de seus principais parceiros comerciais. Na mesma base de comparação, a produtividade do trabalho efetiva – que compara o desempenho brasileiro com o desempenho médio de seus principais parceiros comerciais – cresceu 1,1%.
PRODUTIVIDADE DO TRABALHO NA INDÚSTRIA BRASILEIRA
Produtividade cresce 0,8% no segundo trimestre A produtividade do trabalho na indústria de transformação – medida como o volume produzido dividido pelas horas trabalhadas – cresceu 0,8% no segundo trimestre de 2019, em comparação com o primeiro trimestre do ano, considerando a série livre de efeitos sazonais. O volume produzido pelo segmento aumentou 0,6%, enquanto as horas trabalhadas apresentaram queda de 0,3%. O indicador mostra recuperação, após cair 1,6% no quarto trimestre de 2018 frente ao trimestre anterior, e registrar estabilidade no primeiro trimestre de 2019. Também na comparação com o mesmo trimestre de 2018, o resultado é positivo. A produtividade cresceu 2,0%, o que refl ete o aumento de 1,8% da produção, acompanhado de ligeira queda nas horas trabalhadas (-0,2%). Apesar da confi ança dos empresários mostrar recuperação desde junho, o investimento não mostra uma retomada forte, o que afeta negativamente o crescimento da produtividade. Segundo a Sondagem Industrial da CNI, a falta de demanda é um dos principais problemas enfrentados pela indústria neste segundo trimestre de 2019. A frustração das expectativas de aumento da demanda repercutem na produção e nas horas trabalhadas. A produção cresce abaixo do esperado, o que explica o crescimento mais lento da produtividade.
COMPARAÇÃO INTERNACIONAL Em 2018, a produtividade do trabalho efetiva cresceu 1,1%, na comparação com o ano anterior. O indicador compara a produtividade do Brasil com a produtividade média de seus principais parceiros comerciais1 . O país registra, pelo terceiro ano consecutivo, aumento da produtividade efetiva. No entanto, o indicador cresceu em ritmo mais lento que o observado nos dois anos anteriores: alta de 2,3%, em 2016, e de 3,2%, em 2017. Entre 2017 e 2018, a produtividade do trabalho na indústria de transformação brasileira cresceu 0,8%. Apesar do fraco desempenho, o Brasil superou a maioria de seus principais parceiros comerciais. As indústrias na Argentina e no México, outros dois casos de países latino-americanos, apresentaram queda da produtividade do trabalho: de 3,6% e 2,1%, respectivamente. Também registraram crescimento negativo da produtividade Alemanha e Reino Unido. Japão e Itália apresentaram um desempenho muito similar ao brasileiro: a produtividade de seus trabalhadores na indústria cresceu 0,6%, em ambos os países. O melhor desempenho no período foi registrado pela Coreia do Sul: aumento de 3,4%. Na última década (2008-2018), a produtividade do trabalhador industrial brasileiro acumulou crescimento de 11,6%, o sexto melhor resultado entre os 10 parceiros considerados. A França apresentou o maior ganho de produtividade: de 26,8%, valor duas vezes superior ao do Brasil. O ganho de produtividade dos países que estão atrás da França e à frente do Brasil – Itália, Alemanha, Países Baixos e Coreia do Sul – variou entre 15,2% e 17,4%. A Argentina registrou ganho inferior ao brasileiro (3,7%), enquanto México e Japão apresentaram queda da produtividade. Com isso, a produtividade do trabalho efetiva – a que compara o desempenho do Brasil com a média de seus parceiros – cresceu 3,0% nos últimos 10 anos.
A evolução da produtividade do trabalho na indústria brasileira não apresentou o mesmo comportamento ao longo da década considerada. Nos primeiros cinco anos (2008-2013), a produtividade contribuiu negativamente para a competitividade das empresas brasileiras. A produtividade efetiva caiu 2,3%, ou seja, o aumento da produtividade do Brasil foi 2,3% inferior ao aumento médio da produtividade dos parceiros. Nesse período, entre os 10 parceiros, o aumento da produtividade do trabalhador industrial brasileiro (alta de 4,2%) só superou ao do Reino Unido, que quase não variou (0,4%) e ao do Japão, que apresentou queda (-6,2%). Os países mais bem colocados foram França, com ganho de 13,8%, e Coreia do Sul, com aumento de 11,6%. No segundo quinquênio (2013-2018), a produtividade efetiva cresceu 5,4%, mais que compensando a perda registrada na primeira metade da década. Entre os 10 principais parceiros, a produtividade do trabalhador brasileiro só não cresceu em relação à produtividade dos trabalhadores da Alemanha, da França, dos Países Baixos e da Itália. Na indústria brasileira, a produtividade acumulou aumento de 7,1%. A Alemanha e a França apresentaram o melhor desempenho, registrando ganhos de produtividade de 11,7% e 11,4%, respectivamente. Argentina e México apresentaram o pior desempenho, registrando perdas de -5,3% e -7,6%, respectivamente. O bom desempenho da produtividade efetiva nos anos recentes não compensa a perda acumulada entre 2000 e 2014. Nesse período, a produtividade efetiva acumulou perda de 24%. A tendência de queda é interrompida em 2015. Entre 2015 e 2018, a produtividade efetiva cresceu 7%.
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