Ponto fraco ainda é o investimento
Aprincipal surpresa no trimestre foi a aceleração do consumo das famílias, que cresceu 0,9% no período, ou 3% em relação ao mesmo trimestre de 2022. De fato, o mercado de trabalho segue robusto, com o aumento do emprego e melhora na renda após a queda da inflação. Mas também tivemos contribuições pontuais de estímulos fiscais com desonerações parciais em combustíveis e no setor automobilístico e o aumento das transferências do governo em programas sociais como o Bolsa Família, reajustes do salário mínimo e dos servidores públicos. Esses impactos pontuais são vistos com cautela e não devem se repetir nos próximos trimestres. Temos pela frente um cenário ainda de desaceleração no crédito, com o elevado patamar de juros e inadimplência, o que deve implicar em uma menor taxa de crescimento do consumo das famílias no segundo semestre.
Outro dado positivo que surpreendeu as expectativas foi o bom desempenho da indústria extrativa. Começamos o ano com um cenário externo desafiador, tanto pela desaceleração das economias desenvolvidas, que também passam por processo de aperto monetário, como da China, que não mostrou recuperação póspandemia como se esperava.
O bom desempenho do PIB no 1.º semestre indica que o crescimento do ano deve ser novamente revisto e devemos ter nova alta próxima de 3% em 2023. O ponto fraco da economia continua sendo o investimento. No segundo trimestre, caiu 2,6% em relação a um ano atrás e a taxa de investimento voltou para 17% do PIB, um baixo patamar que pode comprometer o potencial crescimento do PIB no futuro. A redução das incertezas fiscais e a consequente queda dos juros podem contribuir para um cenário mais positivo em 2024, com a sustentação de uma taxa de crescimento maior sem pressão inflacionária. •
FONTE: https://digital.estadao.com.br/article/281938842488365