PARA ECONOMISTAS, CENÁRIO REALÇA RECEIO COM EQUILÍBRIO FISCAL

PARA ECONOMISTAS, CENÁRIO REALÇA RECEIO COM EQUILÍBRIO FISCAL

O cenário econômico local sozinho, na visão de especialistas ouvidos pelo Estadão, não teria sido suficiente para provocar o movimento de forte valorização do dólar nas últimas semanas. Mas o contexto interno de alteração da trajetória fiscal não pode ser desprezado.

“Havia uma visão de que, sim, havia um problema fiscal preocupante, um resultado que não permitia estabilizar a dívida, mas que era um problema que iria explodir mais lá na frente. Isso mudou”, disse o economista Armando Castelar, pesquisador do Ibre/FGV, segundo o qual a maior aversão ao risco gerada pelo contexto internacional jogou mais luz sobre os fundamentos macroeconômicos domésticos. “Com uma combinação da maior aversão ao risco, o que acontece passa a ser mais preocupante. Houve certa surpresa também com a velocidade nas mudanças das metas, com a perspectiva de que os novos objetivos também podem mudar daqui a pouco.”

A equipe econômica anunciou na segunda-feira mudanças nas metas para as contas públicas em 2025 e 2026 – a primeira alteração desde que o novo arcabouço fiscal entrou em vigor, há menos um ano. Na prática, elas adiam a expectativa de colocar as contas no azul. O anúncio também expôs as fragilidades do novo arcabouço, pois o governo contava com o aumento de arrecadação para cumprir a regra.

“Obviamente, tudo o que estamos falando é ruim do ponto de vista dos agentes econômicos de forma geral. Pressiona preços de alimentos, também coloca pressão grande na questão dos combustíveis, que é um item bastante sensível no debate político. Mas também gera impacto do ponto de vista dos investidores, de quem vai fazer investimentos físicos, porque o custo de capital fica mais alto”, disse Castelar. HADDAD. Em Washington, para participar das chamadas reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, culpou o contexto internacional que, segundo ele, explica “dois terços” do que está acontecendo com a valorização do dólar frente ao real. “Diria que isso não explica tudo o que está acontecendo no Brasil, mas explica dois terços do que está acontecendo”, disse Haddad a jornalistas na capital americana.

Questionado sobre as perspectivas para a taxa básica de juros, voltou a dizer que o País tem “espaço” para novos cortes. “Estamos com a taxa ainda muito aberta em relação ao resto do mundo. Ainda temos espaço de política monetária. Começamos a cortar muito recentemente. Em agosto (de 2023), começaram os cortes. Então, há espaço.”

FONTE: https://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20240417/page/26/textview