Fiesp aposta em professores para recuperar produtividade

Fiesp aposta em professores para recuperar produtividade

BRASÍLIA – Em menos de 10 dias, quase metade dos 645 municípios do Estado de São Paulo assinaram a adesão ao programa emergencial de formação de professores da rede pública lançado pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) para fortalecer o ensino educacional da rede pública estadual e enfrentar o aumento da defasagem de aprendizado de crianças e jovens com a pandemia da covid-19.

O programa é a ponta de lança da estratégia desenhada pelo novo presidente da Fiesp, Josué Gomes, para acelerar o processo de reindustrialização brasileiro via aumento da produtividade.

O diagnóstico é que, sem preparar melhor as novas gerações, continuarão faltando trabalhadores qualificados para atender a demanda da chamada Indústria 4.0, como é conhecida a nova etapa de modernização industrial com uso de tecnologias avançadas.  O baque do rompimento das cadeias globais de suprimento de insumos sofrido com a pandemia e a guerra da Ucrânia tornou essa mudança ainda mais urgente.

“Do ponto de vista econômico, esses programas novos de educação impactam, além do crescimento, a produtividade, que é um grave problema do Brasil”, diz Wilson Risolia, coordenador do programa e diretor do Serviço Social da Indústria (Sesi) de São Paulo. Segundo ele, o pano de fundo dessa política é que “não há indústria forte sem educação forte”.

As pesquisas mostram que os efeitos negativos da pandemia na educação podem levar até 10 anos para serem corrigidos. “Criamos soluções educacionais que são usadas na rede Sesi e que vamos dispor na rede pública”, explica. São atividades de reforço escolar para o ensino fundamental 1 e 2. No Brasil, quase 30% dos jovens com 15 anos têm defasagem na formação educacional. Esses adolescentes acabam depois reforçando o contingente da geração nem-nem de jovens que não trabalham e nem estudam.

O programa foi desenhado para garantir um treinamento aos professores com uma atuação personalizada junto aos estudantes, dividido em duas frentes: alunos do 1º ao 5º ano, para consolidação da alfabetização; e alunos do 6º ao 9º ano, com foco na elevação dos índices de proficiência em língua portuguesa e matemática.

Aderiram ao programa tanto municípios maiores, como Araçatuba e Taubaté, quanto uns bem pequenos, como Dourado (tem cinco escolas) e Torre de Pedra (tem apenas uma escola).

Segundo o economista-chefe da Fiesp, Igor Rocha, a participação da indústria de transformação no PIB voltou para o patamar dos anos 50. Em 2021, ficou em 11,3%. Em 1953, estava em 11,4%. O pico de 21,8% foi alcançado em meados dos anos 80.

Serão 80 horas de formação com acompanhamento de resultados, no atendimento presencial, direcionado às escolas de cidades com até 100 mil habitantes, que representam 90% do total de municípios do Estado. Os outros 10% maiores participarão do programa na modalidade remota, com carga horária de 40 horas.  O programa emergencial, que será operacionalizado pelo Sesi, está dentro de um guarda-chuva maior que inclui a formação de docentes e gestores via uma pós-graduação na Faculdade do Sesi.

Para a Fiesp, esses programas são uma ação efetiva de recuperar o aprendizado perdido na pandemia que vem sendo cobrada por vários setores da sociedade civil. Será feito também um trabalho para a transformação digital gratuita para 40 mil indústrias, no período de quatro anos, para indústrias com faturamento anual de até R$ 8 milhões.

FONTE: https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,fiesp-aposta-professores-recuperar-produtividade,70004078306

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