Entidade do setor siderúrgico vê ‘extrema sensibilidade’ na decisão

Entidade do setor siderúrgico vê ‘extrema sensibilidade’ na decisão

O presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, disse ao Estadão/Broadcast que a proposta do governo de estabelecer cotas de importação para 11 tipos diferentes de produtos siderúrgicos mostra “extrema sensibilidade” em relação ao momento vivido pela indústria de siderurgia.

“Recebemos com bastante otimismo a decisão que foi tomada hoje (ontem)”, disse.

Segundo o executivo, com a decisão o Brasil acompanha outras nações que também têm adotado medidas de proteção à indústria local, como Estados Unidos, Chile, Reino Unido e México, além de países da União Europeia. “Todos esses países adotaram medidas para tentar proteger e defender aquilo que é tido como mais importante, que são os mercados internos”, disse.

Marco Polo afirmou que o setor siderúrgico precisa recuperar a participação do mercado que foi perdida por importações consideradas “predatórias”. E que a solução por meio da adoção de cotas foi uma alternativa sugerida pelo setor ao governo.

“É uma falácia dizer que o aço chinês é mais barato. O que ocorre é que há uma venda dos produtos chineses abaixo do custo de produção. Isso é uma prática predatória. Os dados de consumo na China estão caindo e a produção se mantém. Então, há uma política de Estado que incentiva a exportação”, disse.

O dirigente lembrou que há trabalhos apontando a existência de margens negativas nas operações siderúrgicas na China, em torno de US$ 50 a US$ 56 por tonelada exportada do produto. “É desse problema que estamos falando. Não estamos falando sobre arrumar condições para competir com o aço importado. Nós investimos R$ 12 bilhões por ano para ter uma siderurgia moderna. Temos usinas modernas que não devem nada a nenhuma outra instalada no mundo. Agora, não dá para competir contra práticas predatórias.”

Segundo ele, a preocupação principal do setor é interromper as importações feitas de forma irregular, com margem negativa e perfil predatório. Por isso, diz ele, a decisão tomada pelo governo deixa claro que o Brasil “não é terra de ninguém”. •

Defesa

Com restrições, Brasil segue medidas já adotadas por países como Estados Unidos, México e Chile

FONTE: https://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20240424/textview