Tarifaço pode fechar até 618 mil postos de trabalho em 10 anos

Tarifaço pode fechar até 618 mil postos de trabalho em 10 anos

Estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Ger a i s ( F i e mg) aponta que a tarifa de 50% imposta por Donald Trump a produtos exportados para os EUA vai comprometer a manutenção de empregos e o faturamento de empresas brasileiras e pode acabar com até 618 mil postos de trabalho entre cinco e dez anos. De acordo com o levantamento, no curto prazo (um a dois anos), 146 mil vagas podem ser fechadas. Os setores mais afetados imediatamente seriam siderurgia e aço sem costura (com queda de 8,11% no faturamento e de 8,08% no nível de emprego), produtos de madeira (-7,12% e -6,69%) e fabricação de calçados e de artefatos de couro (-3,07% e -2,44%).

O tarifaço de Donald Trump sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos vai comprometer a manutenção de empregos e o faturamento de empresas do País na próxima década e pode fechar até 618 mil empregos formais e informais no longo prazo, entre cinco e dez anos, segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Conforme o levantamento, no curto prazo (um a dois anos), 146 mil vagas podem ser encerradas.

A indústria será o setor mais atingido e a estimativa é de que a medida traga efeitos negativos na massa salarial e no consumo das famílias, impactando não apenas as empresas que vendem para os EUA, mas toda uma cadeia econômica nas regiões afetadas.

Os Estados Unidos passaram a cobrar uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, incluindo máquinas e equipamentos, café, carne, madeira, armas e calçados. Alguns itens foram isentos da cobrança, como petróleo, aviões e suco de laranja.

No ano passado, o Brasil enviou US$ 40,4 bilhões em mercadorias para os Estados Unidos, 12% do total exportado. Os produtos brasileiros que serão taxados somaram aproximadamente US$ 22,2 bi l hões das e x port a ç ões , 54,9% do conjunto vendido aos americanos.

De acordo com o estudo, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode sofrer uma queda de 0,22%, equivalente a R$ 25,8 bilhões, no curto prazo, de um a dois anos, e uma perda de 0,94%, de R$ 110 bilhões, no longo prazo.

Os setores mais afetados no curto prazo são siderurgia e aço sem costura (com queda de 8,11% no faturamento e de 8,08% nos empregos), produtos de madeira (-7,12% e -6,69%), e fabricação de calçados e de artefatos de couro (3,07% e -2,44%).

“A cesta de produtos exportados aos Estados Unidos tem um valor agregado maior, com um nível maior de transformação. São produtos mais manufaturados. Por isso, a taxação tende a impactar mais a indústria do que os demais setores”, diz o economista-chefe da Fiemg e um dos autores do estudo, João Gabriel Pio. “O impacto agregado no PIB é relativamente mo

Projeções PIB pode sofrer uma queda de 0,94% de cinco a dez anos, de R$ 110 bi, diz levantamento

desto, mas há um impacto maior a nível setorial. As empresas que dependem dos Estados Unidos e não estão isentas podem até fechar as portas.”

PRODUÇÃO. No longo prazo, segundo a análise da Fiemg, a indústria continua sendo a maior impactada, mas os efeitos negativos se estendem a outros segmentos que não estão diretamente ligados à exportação, mas que dependem do consumo das famílias da cadeia dessas indústrias, como atividades imobiliárias (-2,04% no faturamento), educação privada (1,79%), serviços domésticos (1,75%) e saúde privada (-1,61%).

“Se uma empresa reduz sua capacidade produtiva em nível estrutural, essa redução afeta a cadeia produtiva, a empresa ou o setor precisa de uma quantidade menor de emprego e aí reduz a massa salarial e impacta o consumo”, diz o economista. “Esse impacto tende a ser mais regionalizado e difuso. Por exemplo, o sul de Minas exporta muito café e será muito impactado. A região intermediária de Belo Horizonte é mais impactada pela siderurgia e, nesse caso, não é só uma ou outra empresa grande, são várias pequenas e médias empresas.”

Na quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou um pacote de socorro às empresas atingidas. Uma das ações é oferecer uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para financiar companhias afetadas e outras empresas que queiram vender seus produtos fora do Brasil, diversificando a balança e diminuindo a dependência dos EUA.

Para o autor do estudo, o pacote pode ajudar as empresas, mas é importante intensificar as negociações com os Estados Unidos. “Imagina uma empresa que exporta 90% do que é produzido para os Estados Unidos. Essa empresa não tem alternativa a não ser fechar as portas”, diz o analista. “Não é estratégico negligenciar um mercado como o americano, o mercado com maior poder de consumo do mundo.”

FONTE: https://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20250815/page/26/textview

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