Produção industrial fica estável em janeiro

Produção industrial fica estável em janeiro

A indústria brasileira ficou estagnada em janeiro de 2025 em relação a dezembro de 2024, após ter acumulado perda de 1,2% nos três meses anteriores. Antes da estagnação de janeiro ante dezembro (0,0%), o indicador já havia recuado em outubro (-0,2%), novembro (0,7%) e dezembro (-0,3%). Dessa forma, a produção completou uma sequência de quatro meses sem expansão, o que não ocorria desde 2015. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Para esse período mais recente, você tem um movimento claro de desaceleração, mas sem perdas muito acentuadas”, avaliou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.

A pesquisa mostra sinais predominantemente positivos, concorda Rodolfo Margato, economista da gestora de recursos XP Investimentos. “A indústria de transformação, que tem um peso relevante no PIB (Produto Interno Bruto) da indústria, teve crescimento de 1% em janeiro ante dezembro e 2,7% em relação a janeiro de 2024, permanecendo em trajetória ascendente”, observou Margato, em relatório que menciona uma estimativa de crescimento de 1,2% no PIB brasileiro do primeiro trimestre deste ano, motivada pela resiliência da indústria de transformação e em categorias de serviços e comércio. “A desaceleração desses indicadores deve ficar mais clara a partir do segundo trimestre.”

JUROS. A produção industrial deve perder força ao longo deste ano, afetada, principalmente, pela taxa básica de juros mais elevada, a Selic, antevê a economista Claudia Moreno, do C6 Bank. “O segmento de bens de capital, especificamente, deve ser um dos mais impactados, já que os empresários tendem a diminuir os investimentos nas fábricas quando os juros estão elevados”, disse, em comentário que estima retração de 1,1% na indústria em 2025, depois do avanço de 3,1% em 2024. “Os dados divulga

XP estima crescimento de 1,2% no PIB no 1º trimestre, e desaceleração do ritmo a partir do 2º trimestre

dos hoje (ontem) reforçam nossa visão de que a economia brasileira perdeu fôlego nos últimos meses, mas não sinalizam uma virada brusca da atividade. Nossa projeção inicial é de que o PIB do primeiro trimestre venha momentaneamente mais forte, com expansão de 1,9% ante o último trimestre de 2024. Para os próximos meses, esperamos uma desaceleração gradual da atividade, com o PIB crescendo 2% em 2025 e 1% em 2026”, ponderou.

A perda de ritmo mostrada pelo setor industrial desde os últimos meses de 2024 tem relação importante com a política monetária restritiva, afirmou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE. “A gente entende que essa desaceleração tem relação importante com essa elevação de taxa de juros. Isso encarece a concessão de crédito para o consumo das famílias.”

Segundo o pesquisador, a atual desaceleração da indústria passa pelo menor consumo das famílias, que ocorre tanto por um crédito mais caro quanto por uma redução de estímulos fiscais e por preços mais elevados. “A inflação de alimentos também diminuiu a renda das famílias”, disse ele. “O câmbio encarecendo o custo de produção é algo importante que está dentro também desse contexto de redução de ritmo da produção, que fica muito marcado no fim de 2024”, acrescentou, lembrando que tais aspectos negativos seguem presentes na economia neste início de 2025.

“Mesmo com esse comportamento de estabilidade, há uma leitura positiva nos dados deste mês (janeiro), especialmente no que se refere ao predomínio de taxas positivas, quando a gente observa tanto por categorias econômicas quanto por atividades”, frisou Macedo. “Outro fator positivo é que há interrupção da trajetória de queda que o setor industrial vinha mostrando.”

Na passagem de dezembro de 2024 para janeiro de 2025, houve expansão na produção de três das quatro grandes categorias econômicas e avanços em 18 dos 25 ramos industriais pesquisados. Os destaques ficaram com os segmentos de máquinas e equipamentos (6,9%) e veículos automotores (3,0%). Por outro lado, entre as seis atividades com redução na produção, o principal impacto negativo foi das indústrias extrativas (-2,4%), com perdas nos dois principais componentes, petróleo e minérios de ferro.

FONTE: https://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20250312/page/27/textview

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