Setores da indústria veem chances de algum benefício
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Depois da decisão do governo americano de taxar em 25% todas as importações de aço, em mais um lance da guerra comercial que começou com o tarifaço sobre México, Canadá e China no mês passado, setores da economia brasileira passaram a avaliar como podem atenuar e até tirar vantagem das medidas anunciadas pelo presidente Donald Trump.
Alguns fabricantes nacionais consideram que podem conseguir maior inserção no mercado americano com as tarifas impostas por Trump à China, por exemplo. Ao mesmo tempo, há a avaliação de que o Brasil poderia vender mais para países que sejam alvo da guerra comercial – e que devem retaliar os EUA.
Além da sobretaxa para o aço e o alumínio, já está em vigor tarifa adicional de 10% sobre produtos chineses. As taxas de 25% anunciadas sobre os produtos importados do México e do Canadá para os EUA foram suspensas por pelo menos um mês após acordos com os dois países. Se elas forem aplicadas, porém, montadoras avaliam que poderão fazer frente aos automóveis produzidos pelos mexicanos e entrar no mercado americano, destino insípido hoje na balança comercial do setor.
A indústria de máquinas, por sua vez, está de olho no México, mirando a substituição dos bens de capital que o país compra dos Estados Unidos.
Além da indústria, o agronegócio também vê oportunidades com as contramedidas que devem ser adotadas pela China, assim como ocorreu em 2018 ( mais informações nesta página).
COMPETITIVIDADE. Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, entidade que representa as montadoras, disse que a indústria de veículos vai ganhar competitividade nos Estados Unidos se os mexicanos tiverem de pagar a alíquota de 25%. “As marcas que estão no Brasil são, em sua maioria, as mesmas que têm fábricas no México e fornecem aos EUA. Hoje, os produtos brasileiros entram nos Estados Unidos com tributação, mas os produtos do México entram sem tributação”, afirmou Lima Leite.
José Velloso, presidente executivo da Abimaq, associação da indústria de máquinas e equipamentos, afirmou que o setor pode receber mais pedidos do México se o país, que passou por uma onda de industrialização nos últimos anos, deixar de comprar dos Estados Unidos. “Pode aparecer uma oportunidade”, disse Velloso.
Já em relação a substituir máquinas chinesas nos Estados Unidos, o executivo considera mais difícil, uma vez que a tarifa adicional imposta por Trump, de 10%, não foi tão alta.
Na indústria de produtos químicos, a avaliação é de que as tarifas do republicano impostas à China podem abrir um canal de exportação aos Estados Unidos. André Passos Cordeiro, presidente executivo da Abiquim, associação da indústria química, afirmou, porém, que o produto químico americano já é muito competitivo em custo, o que dificulta a concorrência. •
Montadoras, setor de máquinas e agro avaliam que podem ter alguma vantagem com tarifaço.
FONTE: https://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20250211/textview