Canadá, México e China reagem a ameaça de tarifaço de Trump

Canadá, México e China reagem a ameaça de tarifaço de Trump

Governo do Canadá lembra que fornece 60% de petróleo para os EUA; presidente do México afirma que o país poderá retaliar

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que vai impor no seu primeiro dia de governo tarifas sobre todos os produtos vendidos por Canadá, México e China para os EUA. A medida pode alterar as cadeias de suprimentos globais e impor custos altos às empresas que dependem das maiores economias mundiais.

Em uma postagem na rede Truth Social, Trump mencionou uma caravana de migrantes no México a caminho dos Estados Unidos e disse que usaria uma ordem executiva para impor uma tarifa de 25% sobre os produtos. Ele disse que as tarifas estariam alinhadas ao combate às drogas e à migração. “Essa tarifa permanecerá em vigor até que as drogas, em particular o fentanil, e todos os imigrantes ilegais parem essa invasão do nosso País!”, escreveu.

Em outro post, Trump também ameaçou impor tarifa adicional de 10% sobre os produtos da China, sob o mesmo argumento de envio de fentanil para os EUA. “Representantes da China me disseram que instituiriam a pena máxima, a de morte, para quaisquer traficantes de drogas que fossem pegos fazendo isso, mas, infelizmente, eles nunca cumpriram”, afirmou.

Juntas, as ameaças tarifárias são um ultimato contra os três maiores parceiros comerciais dos EUA e podem prejudicar as relações diplomáticas e econômicas dos EUA mesmo antes de Trump retornar à Casa Branca, em janeiro.

A notícia das tarifas alarmou os três países de imediato. As moedas do Canadá e do México desvalorizaram em relação ao dólar. Um porta-voz da Embaixada da China em Washington advertiu que não haverá vencedores em uma guerra comercial.

A ameaça de Trump também teria implicações sérias para as indústrias americanas, incluindo fábricas de automóveis, agronegócio e embaladores de alimentos, que enviam peças, materiais e produtos acabados através das fronteiras dos EUA. México, China e Canadá, juntos, representam mais de um terço dos bens e serviços tanto importados quanto exportados pelos EUA, e sustentam dezenas de milhões de empregos americanos.

Os três países responderam por mais de US$ 1 trilhão (R$ 5,81 trilhões) das exportações dos EUA e forneceram quase US$ 1,5 trilhão (R$ 8,7 trilhões) em bens e serviços para os Estados Unidos em 2023.

Os custos poderiam ser particularmente altos para indústrias que dependem do mercado americano integrado, que foi unido por um acordo de livre-comércio que perdura há mais de 30 anos. Adicionar 25% ao preço dos produtos importados poderia tornar muitos deles excessivamente caros, e potencialmente paralisar o comércio em torno do continente. Isso também poderia provocar retaliações de outros governos, que podem impor as próprias tarifas sobre as exportações americanas.

A reação, por sua vez, poderia causar o aumento da inflação e escassez para os consumidores nos Estados Unidos e em outros lugares, além de falências e perda de empregos. Trump insistiu que as empresas estrangeiras paguem as tarifas, mas o custo é arcado pela empresa que importa os produtos e, em muitos casos, repassados aos consumidores. A presidente do México, Claudia Sheinbaum, reagiu à ameaça de Trump sinalizando que o país está preparado para responder com tarifas retaliatórias. Segundo ela, elevar tarifas não conseguiria coibir a migração ilegal nem o consumo de drogas ilícitas nos EUA. “O melhor caminho é o diálogo”, disse, em sua entrevista coletiva diária.

Em declaração assinada pelo premiê Justin Trudeau, pela ministra da Fazenda, Chrystia Freeland, e pelo ministro de Segurança Pública, Dominic Leblanc, o Canadá ressaltou os laços profundos entre as duas economias. “O Canadá é essencial para o fornecimento de energia dos EUA, e no ano passado 60% das importações de petróleo bruto dos EUA tiveram origem no Canadá”, diz a declaração.

Liu Pengyu, porta-voz da Embaixada da China em Washington, disse que “a insinuação de que a China permite que materiais do fentanil viagem para os EUA é completamente contrária aos fatos”.

Matéria – O Estado de São Paulo – 27.11.2024
Fonte: https://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20241127/page/34/textview

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