Projeto que limita cobrança de contribuição sindical avança no Senado

Projeto que limita cobrança de contribuição sindical avança no Senado

Proposta aprovada na Comissão de Assuntos Econômicos diz que os trabalhadores devem autorizar previamente o pagamento

Comissão determina que trabalhadores devem autorizar “prévia e expressamente” a cobrança de contribuições.

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou ontem, em votação simbólica (ou seja, quando não há o registro individual dos votos), projeto de lei que proíbe a cobrança de qualquer contribuição sindical sem a expressa autorização do trabalhador. A proposta, relatada pelo senador Rogério Marinho (PL-RN), foi acrescida de uma regulamentação do “direito de oposição” sobre a chamada contribuição assistencial – que foi objeto de uma decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF).

O texto do projeto altera trecho da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), ao estabelecer que, mesmo que seja filiado, o trabalhador deve autorizar prévia e expressamente a cobrança de contribuições aos sindicatos da categoria econômica ou profissional.

CENTRAIS MOBILIZADAS. No mês passado, o STF decidiu que a cobrança da contribuição assistencial para não sindicalizados é constitucional. Esses trabalhadores, porém, teriam o direito de manifestar oposição à cobrança desse imposto – o “direito de oposição”. Na esteira dessa decisão, as maiores centrais sindicais do País já se organizam para restabelecer a cobrança.

Marinho, que foi relator da reforma trabalhista aprovada durante o governo Temer (e que extinguiu o imposto sindical), argumenta que esse “direito de oposição” estaria sendo dificultado pelos sindicatos.

Segundo ele, o relatório tem o objetivo de defender a “liberdade sindical”.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner, criticou o texto, dizendo que a rede sindical patronal se sustenta a partir de uma contribuição compulsória (a taxa para manutenção do Sistema S). “Nada contra o Sistema S. Mas o Sistema S arrecada compulsoriamente sobre folha de pagamento a contribuição, que é gerida pelas confederações da indústria, do comércio, agricultura etc.”, disse Wagner, que, com os colegas Paulo Paim e Teresa Leitão, também do PT, foram os únicos senadores que se manifestaram contrários ao projeto de Marinho.

Desde a semana passada, as seis maiores centrais sindicais – CUT, Força Sindical, UGT, CTB, CSB e Nova Central – discutem como fixar os valores da contribuição que desejam cobrar de trabalhadores, com base na decisão do STF, que deu sinal verde para a cobrança. A ideia é que o processo de cobrança da taxa seja regulado pelas próprias centrais.

Ricardo Patah, que preside da UGT, defende que a taxa seja de, no máximo, 1% do salário do trabalhador por mês, até um determinado limite. Como ocorre no Sindicato dos Comerciários de São Paulo, em que o valor máximo é de R$ 50 por mês. Não havia, porém, consenso sobre a definição de um teto para a cobrança. A única ressalva feita era a de que fossem valores “razoáveis”. •

‘Direito de oposição’

A proposta foi acrescida de uma regulamentação do ‘direito de oposição’ à contribuição

FONTE: https://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20231004/page/31/textview