País precisa investir R$ 456 bi ao ano no setor de transformação

País precisa investir R$ 456 bi ao ano no setor de transformação

Fiesp vê necessidade desse aporte para retomar nível de produtividade

Estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) aponta que o Brasil precisa investir anualmente R$ 456 bilhões na indústria de transformação, por um período de 7 a 10 anos, para retomar o nível de produtividade da década de 1970. Há 50 anos, a produtividade do País era equivalente a 55% da registrada nos EUA – valor de referência para a economia brasileira. Hoje, a produtividade está em torno de 20% e os investimentos na indústria de transformação representam 2,6% do PIB, ante 4,6% necessários para recuperar o tempo perdido. A indústria de transformação é considerada estratégica porque tem o papel de fortalecer o setor produtivo brasileiro, em especial com seus investimentos em tecnologia e inovação. Segundo a Fiesp, o atual nível de investimento não cobre nem sequer o que já está depreciado.

Defasagem Investimento na indústria está hoje em 2,6% do PIB; estudo estima que o ideal seria 4,6%

O Brasil precisa investir anualmente, de forma sustentável, R$ 456 bilhões na indústria de transformação, por um período de 7 a 10 anos, para retornar ao mesmo patamar de produtividade da década de 1970. O cálculo foi feito pela primeira vez pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em estudo antecipado ao Estadão.

Há 50 anos, a produtividade do País era equivalente a 55% da registrada nos Estados Unidos – valor de referência para a economia brasileira. Foi o momento em que o Brasil ficou mais próximo do patamar americano.

Hoje, a produtividade está em torno de 20% e os investimentos na indústria de transformação representam apenas 2,6% do PIB, ante os 4,6% que são necessários para recuperar o tempo perdido.

A indústria de transformação é considerada estratégica para o desenvolvimento do País porque desempenha um papel de fortalecimento de todo o setor produtivo brasileiro, especialmente com seus investimentos em tecnologia e inovação.

Apesar disso, os investimentos despencaram e chegaram ao piso de uma série histórica que começou em 1996.

Em 2021, eles correspondiam a apenas 12,9% do total de investimentos no País. O valor mais alto ocorreu em 2007 e atingiu 21% (mais informações em quadro na pág. B2).

Coordenador do estudo, o economista-chefe da Fiesp, Igor Rocha, diz que o quadro atual é grave. Só para cobrir a depreciação dos ativos dos investimentos feitos no passado, que ocorre com o passar dos anos, é necessário investir pelo menos 2,7% do PIB. Ou seja, o nível de investimento atual não é suficiente nem para recuperar o que já está depreciado. “A queda é brutal”, diz.

DISTORÇÃO.

A inspiração para o estudo partiu de dados divulgados pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), que mostram como está o investimento na infraestrutura e quanto seria preciso investir para suprir os gargalos nos mais diversos segmentos para cobrir a depreciação. “Não havia esse dado”, conta Rocha. Hoje, disse ele, o investimento está concentrado na produção de bens intermediários.

Segundo o coordenador do estudo, um dos “achados” do levantamento é como a evolução do setor de fabricação de derivados de petróleo e combustíveis acabou distorcendo os dados globais, sobretudo antes de 2016, quando os investimentos eram maiores.

“O cenário é ainda pior desconsiderando a fabricação de coque, de produtos derivados de petróleo e de biocombustíveis”, relata o economista-chefe da Fiesp. O coque é um combustível sólido obtido a partir da destilação do carvão mineral.

Fonte: https://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20231002/textview