Decisão de aumentar barreiras provoca reação de importadores

Decisão de aumentar barreiras provoca reação de importadores

A pressão das empresas brasileiras já trouxe alguns resultados. Entre eles, a volta do imposto sobre as importações de carros híbridos e elétricos; a aplicação de medidas compensatórias, em torno de 15%, sobre chapas e folhas de alumínio importadas da China; e o Remessa Conforme, programa da Receita Federal que, ao fechar portas à sonegação, inibiu as compras em plataformas chinesas de comércio eletrônico.

Ainda existem articulações, inclusive no Supremo Tribunal Federal (STF), para taxar também as compras internacionais de até US$ 50 – hoje isentas do Imposto de Importação –, nesses sites de e-commerce, além da pressão das siderúrgicas para sobretaxar as importações de aço.

Não é tão fácil, porém, para o governo atender a todos pedidos. Apesar do argumento da indústria de que as importações colocam em risco os investimentos e os empregos nas fábricas, a deflação na China tem ajudado a derrubar alguns preços no Brasil – caso de eletrodomésticos e de alguns itens de vestuário.

Em outra frente, importadores têm se mobilizado para impedir que novas sobretaxas a produtos importados tenham impacto nos custos internos. Uma coalizão de 16 entidades, que representam setores como construção civil, indústria automotiva e de bens de capital, está se opondo à reivindicação das siderúrgicas de aumento, de 12% para 25%, do Imposto de Importação sobre o aço.

Representantes do transporte de cargas também pretendem levar a uma audiência na Câmara todo o impacto causado no setor pelo antidumping aplicado em pneus de caminhões importados da China, Coreia do Sul, Rússia e Tailândia.

Segundo a chefe da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), Tatiana Prazeres, o crescimento expressivo dos pedidos de defesa comercial vem, de fato, chamando a atenção. “É possível que isso esteja acontecendo por circunstâncias externas que levam ao dumping, mas também pelo fato de a indústria perceber que o governo federal tem preocupação com as práticas desleais de comércio”, avalia.

Em paralelo, dada a expectativa de a guerra comercial ficar mais quente com a proximidade das eleições nos Estados Unidos, onde as pesquisas são favoráveis hoje a Donald Trump, a indústria chinesa também não quer ficar exposta a barreiras americanas e busca diversificar seus mercados. “A tendência é de aumentar as restrições comerciais, não diminuir”, diz o ex-diretor do Banco Central Tony Volpon, hoje professor adjunto da Georgetown University, em Washington.

 

Fonte: O Estado de São Paulo – 12.02.2024
link: https://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20240212