Após ciclo negativo iniciado em abril, indústria tem alta de 0,8% em agosto

Após um período predominantemente negativo iniciado em abril, em que foi registrada uma perda de 1,2% na produção, o setor industrial voltou a crescer em agosto, na série com ajuste sazonal, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada ontem. A alta, na comparação com o mês de julho, foi de 0,8%.
No acumulado do ano, a indústria subiu 0,9% e, em 12 meses, 1,6%. A média móvel trimestral registrou alta de 0,3% no trimestre encerrado agosto – nos dois meses anteriores, os resultados foram negativos: junho (-0,4%) e julho (-0,2%).
“Para o resultado desse mês, a base de comparação depreciada é um fator importante para entendermos não só a expansão de 0,8%, o maior avanço desde março de 2025 (1,7%), mas também o perfil disseminado de taxas positivas”, disse André Macedo, gerente de pesquisa responsável pelo levantamento. “Três das quatro grandes categorias econômicas e 16 das 25 atividades industriais pesquisadas apontaram avanço na produção.”
Entre as nove atividades industriais com recuos, o principal impacto negativo foi de produtos químicos (-1,6%). Outras perdas significativas ocorreram em máquinas e equipamentos (-2,2%), produtos de madeira (-8,6%), artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-3,6%) e indústrias extrativas (-0,3%)
ELEVAÇÃO. A alta de 0,8% na produção industrial brasileira em agosto, quando em comparação com o mês de julho, foi puxada, sobretudo, pela expansão nas atividades de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (13,4%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,8%) e produtos alimentícios (1,3%).
Na passagem de julho para agosto, a pesquisa do IBGE também registrou uma influência positiva relevante dos segmentos de impressão e reprodução de gravações (26,8%), veículos automotores (1,8%), produtos diversos (5,8%), outros equipamentos de transporte (4,4%) e bebidas (1,7%).
TARIFAÇO. Embora a indústria brasileira tenha registrado crescimento em agosto, o levantamento do IBGE também apontou para impactos em alguns segmentos do tarifaço promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos exportadores brasileiros. Entre as atividades industriais, a principal influência negativa no total da indústria foi registrada por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, que registraram uma queda de 4,0%.
Segundo André Macedo, gerente da pesquisa, os questionários referentes a julho já tinham mostrado alguns informantes sinalizando influência do tarifaço nas expectativas e também na produção futura,
“Três das quatro grandes categorias econômicas e 16 das 25 atividades industriais apontaram avanço na produção”
André Macedo
Gerente de pesquisa do IBGE
mas agora houve registros mais relevantes em atividades mais exportadoras, como madeira, móveis e extrativas.
“Isso apareceu no mês de agosto, pontualmente já tinha aparecido no mês de julho. Agora no mês de agosto aparece com mais clareza. Isso ainda é pontual, não é predominante dentro das informações coletadas pela pesquisa, aparece especialmente nos informantes mais voltados para exportação”, explicou Macedo.
Segundo o gerente do levantamento, em agosto, questionários mostraram informantes apontando o tarifaço como justificativa para uma redução do nível de produção.
Na passagem de julho para agosto, por exemplo, a fabricação de produtos de madeira encolheu 8,6%; extrativas caíram 0,3%; e móveis tiveram apenas uma ligeira alta, de 0,1%.
A produção da indústria de bens de capital caiu 1,4% em agosto em comparação com julho. Na comparação com agosto do ano passado, o indicador recuou 5,0%. Já a produção de bens de consumo registrou alta de 0,8% na passagem de julho para agosto. Na comparação com agosto de 2024, houve um recuo de 4,9%.
Na categoria de bens de consumo duráveis, a produção subiu 0,6% em agosto ante julho. Em relação a agosto de 2024, houve queda de 4,0%. Entre os semiduráveis e os não duráveis, houve alta de 0,9% na produção em agosto ante julho. Na comparação com agosto do ano passado, a produção caiu 5,1%.
Para os bens intermediários, o IBGE informou que a produção subiu 1,0% em agosto ante julho. Em relação a agosto de 2024, houve alta de 2,0%.
FONTE: https://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20251004/page/35/textview