Brasil e México: chegou a hora de uma nova aliança econômica

Brasil e México: chegou a hora de uma nova aliança econômica

Brasil e México têm diante de si a oportunidade de firmar uma aliança estratégica capaz de impulsionar a integração produtiva, o desenvolvimento sustentável e a resiliência econômica. Em um cenário global instável – agravado pelo tarifaço dos EUA, que atingiu diretamente as exportações brasileiras – aproximar as duas maiores economias da América Latina pode ser diferencial competitivo e instrumento de maior protagonismo internacional.

Juntos, respondem por mais da metade do PIB e da população da região, além de dois terços do comércio exterior e dos fluxos de investimentos . São economias dinâmicas, com estruturas industriais complementares e potencial para moldar uma agenda moderna e inovadora, criando oportunidades para empresas, trabalhadores e a sociedade.

Apesar disso, a relação bilateral está aquém do esperado. Os acordos atuais cobrem apenas 15,9% do universo tarifário, deixando 70% das trocas sem acesso preferencial. Barreiras e falta de convergência regulatória inibem negócios e reduzem sinergias.

Um novo marco comercial é urgente. Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que um acordo abrangente poderia acrescentar US$ 13,8 bilhões ao PIB conjunto, ampliar em US$ 3,2 bilhões o comércio bilateral e atrair US$ 8 bilhões em investimentos. O impacto se concentra na indústria de transformação, responsável por 90% das trocas e mais aproximar países pode ser diferencial competitivo e instrumento de protagonismo internacional da metade do comércio intra-indústria, com ganhos em valor agregado, inovação e competitividade.

O efeito é concreto: em 2024, cada R$ 1 bilhão exportado pelo Brasil para o México gerou 26 mil empregos e R$ 500 milhões em massa salarial. Também no México, a pauta industrial gera ganhos expressivos, reforçando a interdependência produtiva.

Na área de investimentos, outro aspecto essencial é a atualização do Acordo para Evitar a Dupla Tributação (ADT), assinado em 2003 e em vigor desde 2006, de modo a alinhá-lo ao atual modelo da OCDE, amplamente usado pelo México em seus tratados. Essa revisão poderia seguir a linha do ADT que o México mantém com os EUA – acordo que, por sinal, o Brasil ainda não possui com os EUA. A modernização desse instrumento é vital para consolidar uma relação de longo prazo, estimular investimentos, fomentar exportações e facilitar a transferência de tecnologia.

A disposição política e empresarial existe. Governos, CNI, Comce e o Conselho Empresarial Brasil-México (Cebramex) atuam para avançar. Na semana passada, a missão empresarial liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin ao México deu mais um passo decisivo nessa direção.

O futuro das duas maiores economias latino-americanas depende do fortalecimento dessa parceria. A hora de agir é agora.

FONTE: https://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20250906/page/34/textview

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