São Paulo é o único estado com queda do desemprego no terceiro trimestre: índice recua a 12%

São Paulo é o único estado com queda do desemprego no terceiro trimestre: índice recua a 12%

Número de trabalhadores que buscam vaga há mais de 2 anos no país cai, mas eles ainda somam 3,1 milhões

RIO – São Paulo foi o único estado brasileiro que apresentou queda do desemprego no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o segundo trimestre de 2019. A taxa caiu para 12%, após registrar índice de 12,8% entre abril e junho. Os dados são da Pnad Contínua, divulgada nesta terça-feira pelo IBGE.

Já o desemprego de longa duração (quando o trabalhador busca uma vaga há mais de dois anos) teve uma leve queda, mas ainda afeta mais de 3,1 milhões de desempregados.

No desempenho por estados, apenas Rondônia apresentou crescimento da taxa de desemprego, com alta de 1,5 ponto percentual nos últimos três meses, atingindo 8,2%. A base de comparação é o segundo trimestre de 2019.

Os maiores níveis de desemprego foram observados na Bahia (16,8%), no Amapá (16,7%), e em Pernambuco (15,8%). Já os menores foram registrados em Santa Catarina (5,8%), Mato Grosso do Sul (7,5%) e Mato Grosso (8%). No Rio, a taxa ficou em 14,5% no trimestre encerrado em setembro, ante 15,1% no segundo trimestre deste ano. Essa diferença é considerada estabilidade pelo IBGE.

Segundo Adriana Beringuy, analista do IBGE, o resultado de São Paulo foi influenciado pelo desempenho da construção civil. 118 mil trabalhadores foram empregados nesse setor na comparação com o último trimestre. Isso equivale a quase metade (46%) de todas as vagas geradas no setor em todo o país na comparação trimestral.

No entanto, ela ressalta que o resultado não permite afirmar que o desempenho positivo possa se espalhar para as outras localidades no futuro, como tradicionalmente ocorre.

— São Paulo é um mercado produtivo mais dinâmico, tem um mercado consumidor ativo, renda do trabalho mais elevada. São Paulo sempre sai na frente. A gente ainda não sabe se isso é um efeito farol, se vai se espalhar pelo Brasil — explica.

Para Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos, o aumento da informalidade registrada nos últimos meses pela Pnad também ajudam na retomada do emprego na região de São Paulo, em virtude da capacidade de absorção desses profissionais.

— Estamos vendo uma estabilidade, deveríamos ver um pouco mais de queda no período (em mais estados). A reestruturação do mercado está se dando pela informalidade ou subutilização, pessoas trabalhando fora da atividade foco ou trabalhando menos, concentrado na região onde tem mais atividades informais, como São Paulo — explica

Ocupação avança na construção civil

Em todo o país, a ocupação na construção civil avançou 3,8% nos últimos três meses.

— A construção é um destaque da expansão da ocupação no terceiro trimestre, sendo muito concentrada na região Sudeste. Esse contingente associado de ocupados da construção era de trabalhadores por conta própria e empregados sem carteira — afirma Adriana.

A despeito da melhora, o desemprego de longa duração — pessoas que procuram há pelo menos dois anos alguma ocupação formal ou informal — afeta mais de 3,1 milhões de desempregados. São 197 mil de trabalhadores a menos nessa situação, na comparação com segundo trimestre de 2019.

Esta foi a primeira queda desse indicador nos últimos cinco anos, na comparação para o mesmo período do ano. A despeito da melhora, a taxa segue elevada — 117% maior do que a registrada em 2012, quando o IBGE iniciou a Pnad Contínua. No terceiro trimestre de 2012, eram mais de 1,45 milhão de brasileiros nessas condições.

A unidade da federação é seguida por Amazonas (39,1%) e o Rio de Janeiro, estado em que um em cada três desempregados ainda encontra-se na longa saga por um emprego. A menor taxa, por sua vez, foi registrada em Minas Gerais (7,1%) e Piauí (4,1%).

O elevado tempo de procura por emprego é um dos fatores que ajudam a explicar o desalento, que ocorre quando o trabalhador desiste de buscar uma vaga por acreditar que não conseguirá obtê-la.

No terceiro trimestre, o país tinha 4,7 milhões de desalentados. O número é menor que o registrado no segundo trimestre deste ano, quando 4,9 milhões de desempregados estavam nessa situação.

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